A obtenção de melhores preços de venda e de condições mais favoráveis para a negociação e a solução de problemas foram as principais vantagens do associativismo apontadas pelo vereador Flávio Cheker aos catadores de material reciclável de Juiz de Fora e região, na palestra de abertura do Curso de Fortalecimento do Associativismo e Cooperativismo dos Catadores de Materiais Recicláveis, realizado no último final de semana. Cheker sentiu-se honrado com o convite para a “aula inaugural” do curso.
O vereador reconheceu que certos obstáculos dificultam a organização dos catadores, como a resistência a se relacionar com o poder público e problemas relacionados à sua frágil condição pessoal. Contudo, ele acredita que a mobilização seja um caminho irreversível. “O movimento dos catadores não tem volta, porque o poder público e a sociedade precisam deles”, sentenciou. Flávio ainda percebe, contudo, uma relação contraditória da sociedade para com os trabalhadores. “Por um lado, ela os trata como seres invisíveis, mas por outro sabe de sua importância para a preservação ambiental e para a obtenção de insumos para a indústria”.
De acordo com Cheker, a relevância da reciclagem começa a se refletir no marco legal, a partir de medidas como o ICMS ecológico, que destina mais recursos para as cidades que desenvolvem ações de tratamento de resíduos. Contudo, elas ainda não se revertem em benefícios para os próprios catadores. “Os trabalhadores não são reconhecidos em lei: eles não têm previdência social, 13o salário, férias, embora seu trabalho seja essencial para a sociedade e o próprio poder público”, disse Flávio.
Em Juiz de Fora, apenas 5% dos catadores de material reciclável encontram-se organizados. Dentre as entidades existentes, destaca-se a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis e Reaproveitáveis de Juiz de Fora (ASCAJUF) que, para Flávio, é “um exemplo de economia solidária, cuja organização deve ser considerada uma vitória”. Apesar da baixa organização, são esses trabalhadores os grandes responsáveis pela reciclagem na cidade. “Os catadores reciclam mais material que o Demlurb inteiro”, observou Cheker.