“Se meu pai estivesse vivo, gostaria de ver que estou seguindo em frente. Então, aqui estou”. As palavras são da estudante do terceiro ano do ensino médio, Joquiciane de Assis, 17 anos, participante do Programa Municipal de Atendimento a Adolescentes (Promad). A jovem, que termina o curso em julho deste ano, trabalha na Ouvidoria Municipal de Saúde e explica sua relação profissional e afetuosa com o Promad. “O programa me ajudou a superar a perda do meu pai e a compreender o que significava realmente a palavra trabalho. Para mim, no início, foi muito difícil, mas agora acordo cedinho, vou ao colégio, almoço, vou ao trabalho, faço os serviços internos e externos que pedem e acabo conhecendo novas pessoas e lugares”, explica Joquiciane.
No lugar onde trabalha, a adolescente acabou envolvendo-se com demandas de medicamentos, exames, insumos, fitas de insulina e fraldas, por exemplo. Porém, de todas elas, o que chamou mais atenção da aprendiz foi a quantidade de demandas de dieta, ou seja, a área relacionada à nutrição, principalmente de crianças. “Acabei decidindo fazer nutrição, porque tem muita gente que necessita desse tipo de serviço público e é muito gratificante auxiliar essas pessoas”, conta.
Com os olhos marejados, Joquiciane conta que sente muito por ter que deixar, em breve, o programa que a fez superar uma grande perda, crescer e aprender muito sobre seu caráter e sobre o mercado de trabalho. Mas, em questão de segundos, a menina articulada e sorridente comemora o fato de estar com apenas 17 anos e já ter experiência com administração e informática, além do Promad, que veio enriquecer seu currículo para conseguir uma inserção no mercado de trabalho de forma mais ágil. “Terei muito orgulho de um dia poder dizer às pessoas que cheguei onde cheguei através de um programa social”, comemora a adolescente.
E não é só a adolescente que pretende conquistar seu sonho iniciado no Promad. Outros sonhos surgem através do programa e dos trabalhos realizados pelos usuários. O estudante do segundo ano do ensino médio, Antoniel Carlos Sinfronio, de 16 anos, sonha em se formar em Sistemas de Informação, porque apaixonou-se pelas aulas de Excel oferecidas pelo técnico de informática do Promad.
“Entrei em um curso de manutenção de computadores e já possuía curso de informática e web designer, o que me faz ter mais vontade de aprender ainda mais. Aproveito muito a biblioteca onde trabalho e pego livros para estudar esses assuntos. Pretendo criar sites, instalar programas e fazer muitas outras coisas. A intenção é fazer esse curso superior devido ao contato que estou tendo com as pessoas e os processos de conhecimento”, esclarece o adolescente.
Lições da experiência
O ex-aprendiz Thiago Rezende mostra que é possível transformar esses sonhos em realidade, bastando apenas ter disciplina, garra e determinação. O jovem entrou no programa em abril de 2008, com contrato até o final de março de 2009, quando foi contratado pela empresa em que era aprendiz. Atualmente, o profissional cursa administração de empresas e é Assistente de Desenvolvimento Humano na empresa em que trabalha.
Thiago garante que através do programa pôde aprender sobre a importância de ter responsabilidades e, com isso, entrar no mercado de trabalho se tornou um objetivo. “O Promad me ofereceu uma vaga como aprendiz na empresa em que estou até hoje, onde já passei por algumas promoções, pude aumentar minha renda e me tornar independente financeiramente. Logo, com certeza, eu só tenho a agradecer pela oportunidade, uma vez que o programa contribuiu, mudando minha vida para melhor”, celebra.
Assim como Thiago, a ex-aprendiz Letícia Feliciano Furtuozo foi efetivada na instituição de ensino em que trabalhou como aprendiz e, hoje, trabalha na biblioteca e faz faculdade de Ciências Sociais. A jovem procurava uma primeira experiência no mercado de trabalho e, então, ingressou no programa através das informações de um conhecido próximo da família.
De acordo com a bibliotecária, o Promad contribuiu com a indicação da empresa e com o curso oferecido, que foi de grande utilidade para exercer as atividades em seu trabalho. “No meu presente, tudo o que aprendi e exerci contribuiu com minha efetivação como funcionária. Além disso, levarei sempre o programa como referência de aprendizado em todos os sentidos, pois cresci como pessoa e como profissional”, esclarece Letícia.
Capacitação e inclusão social
De acordo com a coordenadora do Promad, Andréia Barbério Guedes, o caso de Thiago e Letícia são comuns. O serviço, da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), executado pela Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac), busca a inclusão social por meio de capacitação profissional de adolescentes com idades entre 14 e 16 anos. Após a conclusão da formação, os alunos são encaminhados ao mercado de trabalho, de acordo com o desempenho apresentado. “Nós temos parcerias com diversas empresas, nas quais os jovens possuem um contrato de aprendizagem estipulado de um ano ou um ano e quatro meses. Assim, o aprendiz faz o curso e aguarda a empresa ter uma vaga disponível para a possível inserção no mercado de trabalho. Depois, algumas empresas absorvem os próprios aprendizes como estagiários e, posteriormente, como funcionários”, esclarece Andréia.
Como uma mãe orgulhosa, Andréia explica que quem irá colher os frutos são outros, mas as sementes foram plantadas durante o Promad. “Eu fico muito feliz ao receber visitas de ex-aprendizes que vêm contar sobre suas novas conquistas, seus empregos. Enfim, que vêm compartilhar a alegria com a gente. Essa é a nossa maior alegria, ver que uma semente está florindo, está crescendo, que ele ou ela conseguiu passar no Enem, no Pism, ou conquistou um trabalho que satisfaça. É bom sentir a sensação de que fizemos a diferença na vida de alguém, de que aquilo que foi falado durante o ano fez com que eles buscassem um novo caminho, um bom caminho, de vê-los sempre na busca por algo melhor sempre”, conta a coordenadora, com entusiasmo e admiração.
Nesse mundo de sonhos que tomam forma desde cedo, em que a coragem torna-se companheira de adolescentes, o secretário de Desenvolvimento Social, Flávio Cheker, acredita que programas como o Promad servem a um duplo propósito, de grande importância social: “de um lado, permitem o ingresso no mundo do trabalho a partir da qualificação profissional. De outro, concretamente, servem como estímulo aos adolescentes para que possam se orientar em uma atividade que lhes servirá para toda a vida. Dessa maneira, evitando também o contato com outras práticas nocivas que poderiam prejudicá-los”, destaca.
Além da preparação para o mercado trabalho
Além de preparar o aprendiz para o mercado de trabalho, o programa visa a promover o aprendizado dos adolescentes e incentivar a continuidade dos estudos, pois todos estudam ou trabalham no contraturno escolar. Portanto, há um acompanhamento, tanto daqueles que comparecem ao programa uma vez por semana, quanto dos que fazem parte do curso de aprendiz.
O Promad oferece um curso de aprendizagem e serviços administrativos, que é voltado aos que estão, especificamente, inseridos no mercado de trabalho. Ou seja, o trabalhador vai até o Promad uma vez por semana e, então, são abordadas, em sala, questões relacionadas ao cotidiano deles, como comunicação, ética, comprometimento e pontualidade, que são assuntos que vão auxiliá-los na vida pessoal e profissional.
“Por isso, ressalto que o nosso objetivo, enquanto educadores, vai além da preparação e inserção dos educandos no mercado de trabalho. Estamos falando de ampliar conhecimentos e horizontes, permitir que conheçam novas pessoas e novos ambientes, agregando conhecimentos”, explica a coordenadora do programa, Andréia Barbério.
Outro foco do Promad é o fortalecimento de vínculo com o adolescente, para que ele compreenda a si mesmo no contexto em que está inserido. O objetivo é fazer com que esse adolescente entenda quem é, qual a sua função na sociedade e quais caminhos quer trilhar.
O Promad
O programa conta com educadores diversos: técnico de informática, pedagogas que trabalham as habilidades sociais (básicas e específicas), raciocínio lógico, educação para o mundo do trabalho, empreendedorismo, abordam questões voltadas para a área da saúde na adolescência, sexualidade. Além disso, promove semanas e palestras educativas.
As inscrições são feitas pelo Cras, que é a porta de entrada do serviço, e, posteriormente, são encaminhados ao programa. O telefone de contato do programa é o 3690-7949.
* Informações com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Social, pelo telefone 3690-8314, ou com a Amac, pelo telefone 3690-7945.
SDS