A superação da política “miúda” de favorecimento dos redutos eleitorais, com uma nova prática de apresentação de emendas ao orçamento que coloquem como prioridade interesses mais amplos foi defendida por Flávio Cheker na audiência pública que discutiu o projeto de Lei que estima a receita e fixa a despesa do município para o exercício financeiro de 2010.
“A Câmara tem que caminhar cada vez mais no sentido de emendas coletivas, nas quais façamos uma espécie de orçamento participativo do legislativo, reconhecendo prioridades sociais e rompendo com esse lado ruim de contemplação apenas das bases”, argumentou.
A atitude, na visão de Cheker, seria uma forma de a Casa responder ao anseio da sociedade de se ver verdadeiramente atendida em suas necessidades. “Esse não é um clamor da Câmara apenas para ver aprovadas suas emendas, mas o clamor da sociedade, para que possa intervir na elaboração do orçamento”, disse.
De acordo com o vereador, os cidadãos já estão cansados da ordem institucional vigente, que preconiza a elaboração do orçamento por parte do Executivo e seu posterior encaminhamento para votação no Legislativo. Eles esperam cada vez mais que o prefeito aja como um síndico, distribuindo os recursos de acordo com a vontade dos condôminos.
Contudo, a ânsia pelo poder, muitas vezes impede os governantes em exercício de entender essa necessidade de democratização e leva-os a interpretar as tentativas de aperfeiçoamento da peça orçamentária como ingerência em seu programa de governo. Por isso, Flávio fez um apelo aos representantes do Executivo para que haja o compromisso de colocar em prática emendas de interesse coletivo.
Para Cheker, somente assim, com a universalização das emendas e a disposição do governo em atendê-las, a Câmara pode se livrar do estigma de Sísifo (personagem mitológico que tinha seus esforços frustrados, ao levar uma pedra até o topo da montanha e vê-la rolar a cada nova tentativa), da sensação de inutilidade dos esforços do legislativo, patente quando se fala em intervenção no orçamento do município.